Lugo aceita destituição "injusta" em nome da paz

O ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, disse no sábado aceitar a sua "injusta" destituição em nome da paz, mas acusou os deputados de "menosprezarem a democracia", com o gesto.
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"Eles não respeitaram a vontade popular", afirmou Fernando Lugo, numa inesperada aparição durante um protesto de rua na capital Assunção, em que apelou aos mais de 500 manifestantes contra a sua destituição para manterem uma postura pacífica.

"Mais violência não", declarou o ex-presidente, cuja destituição foi aprovada na sexta-feira por 39 senadores, com apenas quatro votos contra.

Na sequência da aprovação, Lugo, antigo bispo da Igreja Católica, eleito em 2008, acusou os deputados de terem levado a cabo um "golpe parlamentar".

A maioria considerou que o ex-chefe de Estado desempenhou mal as suas funções durante uma disputa territorial, no início deste mês, que resultou na morte de 17 pessoas.

A presidência do Paraguai foi assumida pelo liberal Federico Franco, ex-vice-presidente, aplaudido pelo Congresso como o novo líder da nação sul-americana.

Em entrevista à agência noticiosa francesa AFP, Federico Franco disse esperar que Lugo o ajude a conter o protesto internacional contra a mudança abrupta do poder.

"Penso que a sua presença como paraguaio é muito importante para imprimir uma imagem internacional, porque agora precisamos de constituir legalmente governo", acrescentou.

O novo presidente que pediu aos líderes vizinhos, em particular aos parceiros da Mercosul, que "entendam" a situação criada no país e que aceitem que fará "o maior dos esforços" para a normalizar, fez, entretanto, as primeiras nomeações, designando Carmelo Caballero para assumir a pasta do Interior e entregando a José Félix Fernández Estigarribia a dos Negócios Estrangeiros.

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